sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Subvida

Não aguento mais esta subvida
Nunca planejei este pesadelo
Onde sonhos são controlados
Onde horários são ordenados
Onde palavras são escolhidas
Onde memórias são amordaçadas
Toda esta censura inútil só causa mais rebeldia
Pois uma vez livre uma alma não se acostuma a restrição
E se isso acontecer
O instinto da liberdade continuará vivo
Todo ano é igual, só muda o calendário
A esperança se dispersa e faço aniversário
Algum dia a justiça acontecerá
E todo o medo que me consome me faz desejar ter outras vidas
Mas como eu posso me livrar de mim mesma
Sem morrer ou sem enlouquecer?
Um novo ciclo se inicia mas a aflição se acumula
No estado em que me encontro não posso fazer muita coisa
Sou um produto de fatos infortúnios
Nunca fiz nada profundo e pleno
Por isso acho que existo somente em parte
Esta é a minha subvida
E fugir dela é arriscar o pouco que tenho
Ou será que já tenho tudo?
Tentar mudar é como pular num abismo
De onde este sentimento de insatisfação veio?
Como este desejo de descoberta surgiu?
É fazendo perguntas que me sinto mais perto da verdade
Sei que esta condição nunca será o suficiente
Mas subviver por enquanto é o bastante


Lisa Peixoto – 03/01/2014

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